domingo, 6 de maio de 2012

Enquanto



Um bordado colorido. A mulher sente o atrito do tecido no deslizar dos fios carinhosos. A cada furinho no linho branco, o peito estremece. Penélope, com seus dedos finos de pontas vermelhas, ajeita os óculos para ver bem como anda o serviço. Detalhista, ela almeja compor um desenho bonito de dar arrepio. Fica imaginando o reflexo da imagem através dos olhos dele. E trata de ler um poema, que não é boba. Deixa a janela aberta, posiciona-se bem onde o sol bate. Sabe que por ali ele chega, também. Fecha os olhos um pouco, repara no laranja das pálpebras, e levanta para fazer um café. Pronuncia umas palavras em francês no caminho, pois sabe que no estado de suspensão elas soam mais formosas. Prepara os livros com zelo, lê algum trecho de repente; está assim nas últimas semanas, afeita às aleatoriedades de pássaros, canções e parágrafos. Tem de seguir o trajeto diário, e segue sem azedumes. Não vacila nem testa. É fé o que ela sente. 





Dois by Tiê on Grooveshark

2 comentários:

  1. Humm... Penélope??? Senti um "que" de autobiografia aí ein??? rsrsrsrsrsrs

    Saudades de vc...

    A propósito, linda a música.

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  2. Hehe!
    Penélope é mais adjetivo que nome.

    Saudades também!
    Combinemos um encontro. :)

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